Clipping

DEZ ANOS MORRENDO DE RIR
Marino Jr e João Luiz Fiani comemoram parceria de sucesso no Palco Guairão

Mais de 2000 pessoas estiveram presentes no "aniversário" de Nem Freud Explica.

GAZETA DO POVO | 18/09/2010 | REDAÇÃO | Para celebrar uma década em cartaz, nada como migrar para um grande palco e encarar uma plateia ampla. Nem Freud Explica (foto) comemora seu aniversário com uma apresentação hoje, às 21 horas, no Guairão. Escrita e dirigida por João Luiz Fiani, que contracena com Marino Jr., a peça faz humor com as situações de um consultório de psicanálise, a partir de um paciente que sofre porque qualquer um que olhe para ele morre de rir. Já foram mais de 350 apresentações, incluindo recentes temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo.


SIMPLICIDADE LÍRICA
A outra face de Curitiba é desvendada em Macho não ganha flor.

Personagens outsiders e enlouquecidos
G ON-LINE | 02/02/2009 | Ferdinando Martins | Curitiba é uma cidade curiosa. De um lado, consegue ser moderna, com uma rica atividade cultural e repleta de jovens inteligentes e inovadores. De outro, é tradicional, avessa a novidades que possam desestabilizar seus valores mais tradicionais. Herdeira da imagem de europeus organizados e competentes, a cidade esconde como poucas seu lado escuro, seus personagens desviantes, suas vielas inacessíveis ao turista.

É justamente essa outra face de Curitiba que interessou mostrar o inventivo diretor João Luiz Fiani, da Cia. Máscaras de Teatro. A partir de contos do igualmente curitibano Dalton Trevisan, concebeu o monólogo Macho não ganha flor, em cartaz no Espaço dos Satyros 1, em São Paulo.

No espetáculo, o ator paranaense Marino Jr. dá vida a personagens em esquetes que trazem o que, em geral, a oligarquia curitibana prefere não ver, aqueles que não se encaixam em sua moral: bandidos, homossexuais, velhos, boêmios que vagam pelos prédios históricos, pela Praça Osório, pelos casarões mal-assombrados.

Plasticamente, o espetáculo é de uma simplicidade lírica. Pimbins iluminam diferentes pontos do palco, perseguidos por uma única cadeira. Ao fundo, projetam-se imagens que marcam a mudança das esquetes e criam um diálogo com a interpretação. Nesse sentido, Marino destaca-se pela rapidez com que muda de humor e imprime, em cada cena, uma particularidade, um traço distintivo.

"É muito desafiador para um ator interpretar textos que não foram especificamente escritos para teatro. Quando se trata do universo de Dalton Trevisan, esse desafio se agiganta, pois é um autor contundente, os diálogos de seus personagens são diretos, não mandam recados. Um texto ao mesmo tempo difícil e muito prazeroso", diz o ator.

O espetáculo estreou em março de 2008 durante o Festival de Teatro de Curitiba, e acaba de receber quatro indicações ao Troféu Gralha Azul, o mais importante prêmio de artes cênicas do Estado do Paraná: melhor espetáculo, melhor direção, iluminação (Beto Bruel) e sonoplastia (Jader Alves). A temporada em São Paulo dá continuidade a um projeto de circulação nacional da companhia, que teve curta passagem pelo Rio de Janeiro, na Casa da Gávea.


MOMENTOS ETÉREOS
Werther: público paulistano tem a oportunidade e assistir em uma curta temporada.
 
Maicon Santini, nuances sutis
G ON-LINE | 04/02/2009 | Ferdinando Martins | A Cia. Máscaras de Teatro é uma das mais tradicionais de Curitiba. Com produção intensa, conta com mais de cem espetáculos em seu repertório, entre eles a inventiva comédia Loucas, Nervosas e Equívocas. Agora, o público paulistano tem a oportunidade de conhecer parte de seu trabalho, mais especificamente os monólogos Werther e Macho Não Ganha Flor, em cartaz no Espaço dos Satyros I.

Werther é uma adaptação do romance epistolar Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johannn Goethe feita por Paulo Venturelli e com direção de Marino Jr.. A peça conta a história do jovem Werther, interpretado por Maicon Santini. De início, chama atenção a simplicidade do cenário. Uma caixa com pedras, uma escada, uma bicicleta e seis cadeiras. À medida que o espetáculo vai progredindo, verifica-se que esse espaço cresce e dialoga com a interpretação. As cadeiras formam imagens de uma plasticidade surpreendente, manuseadas e empilhadas pelo ator.

Por sua vez, Maicon, conhecido do público curitibano, impregna o texto com nuances sutis, que mostram as alterações de humor do jovem Werther, a princípio encabulado com a vida, mas que não consegue sobreviver a uma desilusão amorosa. A beleza clássica do ator harmoniza-se com o cenário e com a iluminação, criando momentos etéreos.

Werther é, sobretudo, uma peça que trata da obsessão. Em tempos de amores descartáveis, faz pensar sobre quem ou o que nos completa. Em tempo: o espetáculo estreou no Festival de Curitiba de 2006 e concorreu ao Troféu Gralha Azul de Melhor Espetáculo do Ano e Ator Revelação de 2006.


QUEM PUDER NÃO PERCA
Macho Não ganha flor: um ator inteligente, refinado, dono de um variado repertório.

Marino vive 11 personagens de Trevisan
O DIAS E AS HORAS | 15/02/2009 | Alberto Guzik | Fui ver um espetáculo arrepiante, ontem: "Macho não ganha flor", reunião de pequenas histórias de Dalton Trevisan interpretadas pelo ator Marino Júnior, que termina hoje sua rápida temporada no Satyros 1. O espetáculo curitibano, dirigido por João Luiz Fiani, tem bela luz de Beto Bruel e atuação competentíssima de Marino, que vive diversos tipos criados pelo "vampiro de curitiba", desde uma garota de programa a uma bichinha abusada de todas as formas, passando por vários homens e mulheres trevisanianos, ou seja, solitários, infelizes, com direito mesmo a uma feroz autocrítica do autor, que abre o espetáculo. Estávamos Ivam, eu e Phedra, e saímos os três encantados com o trabalho desse ator inteligente, refinado, dono de um variado repertório. os textos são instantâneos, o espetáculo termina rápido demais, do ponto de vista do espectador. Quem puder não perca "macho não ganha flor".


DO PORTA MALAS PARA O PALCO
Ator curitibano vive um script inesperado.

Marino: assalto antes da peça
ISTOÉ | 28/05/1997 | AG. KISSNER - Intérprete do personagem central da peça A aurora da minha vida, de Nahum Alves de Souza, o ator Marino Júnior, 21 anos, mostrou sua porção James Bond no último dia 10.

Quando ia para o teatro Guaíra, em Curitiba, ele viveu um script inesperado: foi assaltado por dois homens e obrigado a entrar no porta-malas de seu carro. De nada adiantou dizer que era ator, que o papel era o mais importante de sua vida e que ele deveria estar às oito e meia no palco. Sem tempo para erudição, os assaltantes rodaram pela cidade até abandonarem o automóvel com as chaves no banco traseiro.

Enquanto no teatro elenco e platéia de 500 pessoas não entendiam a demora de Marino, ele conseguia sair pela parte interna do carro, como um perfeito 007. "Liguei, disse que já estava indo e pedi desculpas pelo atraso", diz. Em cena, o ator mostrou que o show não pode mesmo parar: "Naquela noite fiz a melhor interpretação da minha vida." 




O ZIGUEZAGUE NA VIDA DE MARINO JR
O ator e diretor curitibano está em cartaz em São Paulo e Rio de Janeiro.
No próximo ano vai passar uma temporada na Itália.

Marino prefere não ser tão engraçado  fora de cena como é no palco
GAZETA DO POVO - 18/09/2010 | Marcio Renato dos Santos  |  Marino Jr vai completar 35 setembros na próxima terça-feira. Estará fora de casa. Esse curitibano teve a sua rotina virada de pernas para o ar. Às terças-feiras, está em cartaz com Macho Não Ganha Flor no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro. Nas quartas e quintas, segue para São Paulo e, ao lado de João Luiz Fiani, sobe ao palco do Teatro Folha na montagem Nem Freud Explica. Ele e Fiani apresentam a mesma peça, nas sextas e sábado, no Glauce Rocha, no Rio. E a reviravolta na rotina mal começou. Marino Jr foi contemplado com uma bolsa da Funarte, de R$ 45 mil, e, de janeiro a junho de 2010, vai cursar um programa de pós-gradução em gestão de espetáculo na Universidade SDA Bocconi, em Milão, na Itália.

O ator e diretor de teatro quase não sabe mais o que é ócio. Mas não reclama. A entrevista para a Gazeta do Povo foi realizada, por telefone, em dois tempos. Ele falou do Rio na última terça. Vinte e quatro horas depois, acrescentou algumas informações enquanto caminhava, ao lado de Fiani, pela Avenida Paulista.
Essa movimentação toda não significa que Marino Jr esteja se despedindo de Curitiba. Ao contrário. Ele pretende fortalecer cada vez mais as raízes na cidade onde nasceu, mas esboça, ao lado de Fiani, estratégias para levar as produções feitas na capital paranaense para outras praças.

Cia Máscaras de Teatro
Em 1995, os caminhos de Marino e João Luiz Fiani iriam se encontrar. Nascia, naquele momento, a Cia Máscaras de Teatro. A parceria rendeu muitos frutos: eles já produziram, e encenaram, 99 peças. Agora, em 2010, pelo menos três novas produções serão exibidas em meio aos festejos da parceria bem-sucedida.
Marino Jr. é um faz-tudo da trupe. Além de ensaiar, representar e realizar outras ações diretamente ligadas ao teatro, ele também atua nos bastidores. Graduado em Relações Públicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), é o responsável, por exemplo, pela programação visual, o que inclui fazer cartazes e outros dispositivos utilizados na divulgação dos espetáculos. “A Cia Máscaras de Teatro mostra que, quando alguém está realmente interessado em fazer, tudo acontece”, diz, referindo-se à soma de forças entre ele e o Fiani, dono do Teatro Lala Schneider, onde são apresentadas, em Curitiba, as principais montagens do grupo.

Sujeito múltiplo
Marino Jr se define como um tímido. Ele conta que as pessoas que o conhecem devido às comédias que encenou, e encena, no palco do Lala Schneider, até estranham quando encontram com ele no “modo sério”, por exemplo, na fila do banco. “Guardo a minha energia e a faceta cômica para o palco, onde me solto mesmo”, diz.
Em Macho Não Ganha Flor, ele interpreta dez diferentes personagens, em 11 cenas, a partir de texto original de Dalton Trevisan, o que diz muito sobre a versatilidade do ator. “Sou do teatro. Não escolhi, foi a profissão que me escolheu”, diz o ator que desde os 11 está em cena. Dos primeiros esquetes e montagens na Associação Atlética Banco do Brasil até hoje, não ficou muito tempo sem atuar. Conscientemente, não quis fazer o curso superior de Artes Cênicas, e sim Comunicação Social. “Porque os os atores e diretores são, acima de tudo, comunicadores. No teatro, ou se sabe comunicar, ou não tem jeito”, comenta.
Mas ele sabe que a vida, fora do palco, é tão, ou até mais importante do que a carreira artística e, no pouco tempo livre disponível, procura estar com a família. Atualmente, permanece em Curitiba apenas aos domingos, e essas 24 horas são dedicadas à esposa, Thamis, com quem é casado há oito anos, e ao filho Francisco, de 2 anos e 9 meses.  “Nem tudo ao céu, nem tudo à Terra. É preciso tentar manter o equilíbrio e aproveitar todas as ‘ondas’ da vida”, finaliza.


O ASTRO DA HORA
Depois de obter reconhecimento do Gralha Azul, da crítica e do público,
Marino Júnior estréia três novas peças.

Marino Jr.: melhor ator coadjuvante de 2005 e
diretor de peça escolhida como destaque do festival.
GAZETA DO POVO 06/04/2006 | Rogerio Waldrigues Galindo  | Marino Júnior é o homem do momento no teatro de Curitiba. De duas semanas para cá, recebeu todo tipo de reconhecimento: de crítica, de público e dos colegas de profissão. Dos seus pares da classe artística, ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante de 2005 no Troféu Gralha Azul. A atuação premiada foi em O Corcunda de Notre Dame de Trecentina. A crítica elegeu uma peça dirigida por ele, Werther, como uma das melhores atrações do Festival de Teatro de Curitiba deste ano. E o sucesso de público pode ser mostrado em números. Ator de três peças e diretor de outras duas no Fringe, Marino conseguiu que seu trabalho fosse visto por 4,5 mil pessoas durante o festival.

Na verdade, o sucesso com o público vem de longa data. Primeiro ator da companhia de João Luiz Fiani, a Cia. Máscaras de Teatro, Marino tem participado de um sucesso atrás do outro. Para se ter uma idéia, somando as 12 peças – sim, foram 12 – apresentadas no festival, o grupo teve mais de nove mil pessoas na platéia e ficou com quase 20% de todo o público do Fringe de 2006. Lembre-se aqui que o evento teve aproximadamente de 200 peças nesta edição.

Agora, Marino tenta aproveitar o bom momento com a estréia em temporadas regulares das peças que foram apresentadas durante o festival. A principal expectativa talvez seja com relação a Werther, que voltará neste sábado ao cartaz. A peça, baseada no texto clássico de Goethe, foi eleita pela revista de cultura Bravo! como a melhor montagem do festival e recebeu elogios do crítico da Folha de S. Paulo. E, mesmo na comparação com a versão anterior, realizada na cidade, um clássico do já falecido diretor Cleon Jaques, foi bem recebida. “Estava um pouco nervoso com a comparação, mas acabou dando tudo certo”, diz.

Outra estréia importante para Marino e para a companhia está marcada para hoje à noite. É O Vampiro contra Curitiba, baseada em contos de Dalton Trevisan. Segundo Marino, assim como a montagem de Goethe e outros trabalhos recentes, a montagem faz parte de um “trabalho de relações públicas” para mostrar que no Teatro Lala Schneider, base da Cia. Máscaras, também se faz teatro sério. “Na verdade, como diretor, eu venho me dedicando a clássicos, de Nelson Rodrigues a Thornton Wilder”, comenta Marino.

Os seus grandes sucessos como ator, porém, continuam na comédia. O que, aliás, tem muito a ver com sua formação. Em 2002, quando já atuava profissionalmente há oito anos, Marino ganhou uma bolsa da Capes para estudar na Itália. Fez um curso de um ano na Scuolla Dell' Ator Comico.

Dedicou seu tempo no exterior principalmente a se aperfeiçoar na Commédia Dell'Arte, gênero que hoje serve de base para sua interpretação e para alguns trabalhos mais leves de direção, como O Auto da Compadecida, que levou ao palco do Guairinha no fim do ano passado.

Nesta semana, quando volta das breves férias após o FTC, ele estréia mais uma comédia. Será o protagonista de Jack Estripador – A Comédia, escrita e dirigida por seu parceiro João Luiz Fiani. A peça já teve um bom público no festival e agora entra em temporada regular. Apesar de se dedicar atualmente a outros gêneros, Marino não menospreza as comédias mais ágeis em que atua. “Tem gente que acha fácil fazer o que o João Luiz [Fiani] faz, mas não é”, opina.

Segundo ele, montar comédias leves que agradam o público ano após ano é uma tarefa que ele não se arriscaria a tentar como diretor. “As pessoas vêm querendo se divertir mais do que na temporada anterior e é difícil você não decepcionar”, diz.

Para o futuro próximo, Marino prevê que continuará dirigindo dramas. Peças como Werther e Oratório em 11 Cantos, sobre o holocausto judeu, que ele realizou como diretor no ano passado, estariam mais de acordo com o seu momento como artista. Mas o público fiel do Lala Schneider pode ficar tranqüilo. Como ator, ele estará sempre nas comédias que seguem lotando o teatro todas as semanas.



HUMILDADE E INTELIGÊNCIA
O diretor Marino Jr. faz um bom trabalho de adaptação em Hino Poético.

Humildade em uma direção limpa e precisa
GAZETA DO POVO 28/01/2005 | Joanita Ramos  |  Um bom texto é sempre meio caminho andado para um bom espetáculo. Marino Jr. sabe disso a julgar pela escolha de Our City, peça escrita em 1938 adaptando-a para o português – reduzindo as referências norte-americanas –, ele colocou em cartaz Hino Poético Sobre os Pequenos Acontecimentos de Cada Dia.

Na montagem, o jovem diretor explicita um profundo respeito e uma certa humildade em relação ao autor. E a humildade, na arte, é quase sempre inteligente. Em Hino Poético, a prova da inteligência está, sobretudo, em uma direção “limpa” e precisa.

Ao entrar no auditório, o espectador é recebido em lugar inesperado e levado a conhecer de perto o cenário – “para aqueles que acreditam que é preciso haver cenário”, como diz o autor. A cenografia se resolve basicamente com marcações do espaço do palco, lembrando o filme Dogville, de Lars Von Trier, mais umas cinco cadeiras, duas banquetas, duas mesas, duas escadas e uma tábua.

A encenação mostra o cotidiano, a educação, os relacionamentos e o enfrentamento da morte entre moradores de uma cidade. Uma das cenas mais bem resolvidas é a apresentação de um diálogo em um cemitério. Nada de efeitos especiais. Atores dizendo seu texto, sentados em cadeiras de madeira vergada, situadas em posições estratégicas, são suficientes para convencer o espectador de que aquele é o lugar onde convencionalmente se recebe os mortos e de onde esses observam a perturbação dos vivos, após mais um falecimento.

Marino Jr. também prova que é possível, em alguns casos, fazer cenas naturalistas de qualidade com alunos de artes cênicas. Dos 17 atores de Hino Poético, 15 estão entrando agora para o segundo ano de estudos de teatro. Corre-se o risco de ver alguns escorregões mal disfarçados no texto ou a atriz Luciana Tavarnaro, que interpreta a sorridente senhora Webb, esquecer o sorriso no rosto, quando a emoção do texto exigiria outra expressão. Esses pequenos problemas não tiram o mérito do elenco, que, de modo geral, têm um ótimo desempenho. Além do mais, a direção costura tão bem o espetáculo que neutraliza eventuais sintomas de amadorismo.

Como iluminador, entretanto, Marino Jr. não alcança o mesmo sucesso. Ao usar quadrados de luz para delimitar os espaços, ele deixa em um deles insuficiente para acolher os personagens que devem ocupá-lo.
Os atores, por sua vez, não têm muita experiência em colocar-se no foco. Como conseqüência – se o problema não for corrigido neste fim de semana – o público poderá ver alguns rostos metade no claro, metade no escuro.

O figurino (Marinês Novack) revela que houve uma pesquisa de época, embora algumas peças das vestimentas não estejam coerentes com o conjunto. Também nesse caso, é preciso considerar que se trata de um grupo amador e que – nesse campo – nem sempre há verba para adquirir todos os componentes necessários à devida caracterização dos personagens.



A VITALIDADE DE WERTHER
A peça foi escolhida como a melhor do Fringe pela revista Bravo!

Werther é interpretado pelo jovem ator Marcel Gritten.
GAZETA DO POVO | 14/04/2006 | Rogerio Waldrigues Galindo  | Mesmo que alguém não gostasse de mais nada na montagem de Werther, atualmente em cartaz no Teatro Édson D’Ávila, em Curitiba, teria de admirar pelo menos uma coisa: o fôlego do ator Marcel Gritten, escalado pelo diretor Marino Jr. para interpretar o monólogo. Aos 18 anos, Marcel pula, corre, monta pirâmides de cadeiras e sobe escadas durante quase toda a peça. Faz isso sem nenhuma pausa e sem cometer um único erro no texto longuíssimo e cheio de detalhes, adaptado da obra de Goethe.

Obviamente, não seria mérito nenhum se a interpretação fosse ruim. Mas não é o caso. Apresentada durante o Festival de Teatro de Curitiba, a peça foi escolhida como a melhor do Fringe pela revista Bravo!. E ganhou vários outros elogios.

Apesar da pouca idade, Marcel dá conta dos sentimentos expostos na peça: solidão, angústia, amor. A direção também vence os obstáculos que o texto impõe. Consegue colocar atualidade nas frases escritas há dois séculos e dar vida ao que poderia ser apenas a leitura de cartas. E faz isso com poucos elementos de cena, mas que são muito bem usados no palco. As seis cadeiras, por exemplo, organizadas de maneira inusitada, formam diversos cenários: numa hora, são uma casa; em outra, uma carruagem; em outra, uma espécie de escada mística.

O livro de Goethe, um clássico que deu origem ao Romantismo na Europa, conta a história de como um garoto se apaixona perdidamente e acaba deixando todo o rumo da sua vida ser decidido por esse amor. O fim trágico e o clima de paixão fizeram a cabeça de milhares de jovens através dos tempos. Na versão atual, depois de 200 anos de histórias semelhantes pululando aos quatro cantos do mundo, algo da força original pode ter se perdido. Mas é difícil sair do teatro sem que pelo menos uma das frases ultra-buriladas do escritor fique grudada na memória. GGG1/2



AH! OS ATORES!!!
Em que labirintos mentais se escondem a originalidade e a velocidade
de suas inteligências dramáticas?


Marino Jr, Apolo iluminado e veloz!

A ETERNIDADE E UM DIA | 28/04/2007  | Edson Bueno | Aceitando um convite de meu amigo Tiago Escobar fui assistir “O Fantasma da Ópera”, comédia farseca que o João Luiz Fiani adaptou e dirigiu e que, infelizmente, sai de cartaz amanhã. Ri muito. O Fiani deu-me um convite. Talvez se tivesse pago, minhas gargalhadas seriam mais valiosas, mas como recusar uma simpatia?

Acontece que este comentário não é uma crítica porque eu não sou, nunca fui e nunca serei um crítico, nem por profissão, nem por hobbie. Então uso-o pra falar do que me dá mais prazer quando vou ao teatro. Atores! Até me divirto quando vejo altas discussões estéticas entre diretores, sobre se o teatro deve ser assim ou assado, porque, talvez este pensamento tenha determinado minha história nas artes cênicas.

E me divirto no bom sentido porque é claro que nós diretores, com nossos espamos de forma, somos importantíssimos. Mas o que me dá prazer mesmo são os atores. Por eles vale e sempre valerá a pena ir ao teatro. Por eles o teatro existe e sempre será mais intenso, mais vibrante, mais apaixonante que qualquer das outras artes, digamos assim, concorrentes. E este “O Fantasma da Ópera” tem dois, dos melhores!

Simplesmente fiquei apaixonado por estes enlouquecidos de talento que são Guilherme Osty e Marino Jr. Que incrível domínio de técnica e principalmente, além da pavonice (própria a todos!), que absoluto desejo e prazer em dar prazer à platéia. Em que labirintos mentais – pergunto eu! – se escondem a originalidade e a velocidade de suas inteligências dramáticas? Guilherme se entrega de corpo, alma, suor e se abre em expressionismos engraçados dos mais surrealistas.

E Marino parece ser ele mesmo um farol meio bumerangue. Explico. Ilumina nossos olhos e ouvidos com presença de espírito, inteligência cênica, tempo de comédia e velocidade de raciocínio, e ainda faz com que esta luz volte pra ele, a ponto de não conseguirmos tirar os olhos de sua figura. Que prazer, que diversão! Parabéns amigos, adorei vê-los no palco!


NEM FREUD EXPLICA
Espetáculo com Marino Jr e João Luiz Fiani comemora 300 apresentações neste fim de semana.

Marino Jr. à direita, em cena de "Nem Freud Explica
GAZETA DO POVO | 16/01/2008 | REDAÇÃO | A grande procura do público fez com que a Cia. de Máscaras estende-se a temporada da peça “Nem Freud Explica”, um dos sucessos do teatro paranaense que voltou ao palco do Teatro Fernanda Montenegro para duas únicas apresentações no último fim de semana. O espetáculo teve as duas sessões esgotadas por antecipação e por isso fará duas novas apresentações neste sábado (19) e domingo (20), às 21h e 19h, respectivamente.

“Assim vamos comemorar 300 encenações em oito anos de apresentações da peça. Não podíamos deixar passar em branco”, comemora João Luiz Fiani, autor, ator e diretor do espetáculo que estreou no ano de 2.000.

Em cena, dois importantes nomes do teatro paranaense: João Luiz Fiani e Marino Jr. que encarnam respectivamente o Dr. Benjamim, um psicanalista e Frederico, um paciente com um problema peculiar: todos que olham para ele, morrem de rir.


UM BOM PROGRAMA
O ator Marino Jr, merece nota dez pela interpretação.


Marino Jr vive Nelsinho e outros personagens

GAZETA DO POVO | 16/01/2008 | Marcio Renato Santos/Luis Alvarez | A peça Macho Não Ganha Flor, de João Luiz Fiani, em cartaz no Festival de Curitiba deste ano, teve curtíssima temporada no final de semana passado, no Guairinha. São contos de Dalton Trevisan. No palco, o ator Marino Jr. merece nota dez pela interpretação, com vozes e psicologia variadas, para os muitos personagens. Uma cadeira ajuda a sinalizar cada novo texto, com efeito de luz simples e funcional – criação de Beto Bruel. Os textos do “Vampiro” funcionam no palco sem nenhuma adaptação. Nem mesmo o deslize final, no último texto, “Receita de Curitibana”, compromete. “O poeta bem me perdoe/ beleza não é fundamental/ começa que muito feia/ mulher nenhuma é foi será”.

Trevisan desconstrói a tese de Vinicius de Moraes. Por sua vez, o diretor – Fiani – inseriu ao fundo projeção de imagens de belas mulheres. Ao invés de dialogar com o texto de Dalton, o que se vê é o nonsense. Apesar deste “pequeno” divórcio visual versus texto, Macho Não Ganha Flor é, de fato, um bom programa.

Em tempo: segundo o diretor, a peça foi aprovada pelo Vampiro de Curitiba em pessoa, que assistiu ao ensaio geral esta semana, antes da estréia. A reportagem confirmou a informação. A versão de Macho Não Ganha Flor para os palcos tem o endosso de Trevisan.


PEER GYNT
Um texto difícil e que poucos tem a ousadia de encenar.


Bela forma de contar Ibsen esta que o Marino escolheu
A ETERNIDADE E UM DIA | 26/11/2007 | Edson Bueno | Acho que ultimamente ando chorão. Ou não ando. Sei lá. Mas uma das melhores coisas da vida, sem dúvida, é emocionar-se até às lágrimas em plena platéia de um teatro, na frente de todo mundo. Sabe-se lá que lugares sombrios do nosso espírito são subitamente iluminados por uma bela cena ou por uma interpretação inspirada. Fui, assim, como programa de fim de noite de domingo, assistir “Peer Gynt”, de Ibsen, no Teatro Edson Dávila.

A direção é do amigo Marino Jr., um cara cuidadoso e preocupado com elaboração. Os atores são alunos e profissionais do Teatro Lala Schneider. Pois a condução do espetáculo é tão precisa e sensível que não pude deixar de chorar, como se fizesse contato com todo o meu corpo em alguns minutos de rara beleza e inteligência.

“Peer Gynt” é um texto difícil, poucos tem a ousadia de encená-lo e os que tentam quase sempre se perdem em seu emaranhado de mitologias, psicologias, surrealismo, sonho e realidade disfarçada. Peer é daqueles personagens míticos, tão misteriosos que só atores/essência conseguem alcançar suas entranhas.

A encenação do Marino? É sim, um espetáculo de escola em fim de semestre, com a despretensão e as limitações próprias da causa. Mas, no universo puramente artístico consegue vitórias. Encontra teatralidades engenhosas e estabelece bela comunicação com o texto e com o público. E ainda uma surpresa mais do que agradável. O meu amigo Maicon Santini está maduro e intenso interpretando Peer Gynt. Compõe um personagem pelos caminhos da intimidade, com domínio de voz e inteligência cênica que fazem com que o público não tire os olhos de seus olhos e não perca uma só palavra que lhe escapa, sempre viva e verdadeira.

Bela forma de contar Ibsen esta que o Marino e seus atores escolheram pra encenar. Um espetáculo feito de inteligência, talento e emoção. E eu que ultimamente ando chorão, me deixei. Delicioso fim de domingo.


O DESEJO DE RIR
Marino Jr. garante o riso de uma plateia previa­mente disposta a
distensionar as aflições cotidianas e contrair as bochechas


Marino Jr. acerta na espontaneidade.
GAZETA DO POVO | 21/07/2009 | Luciana Romagnolli | Há potencial cômico e dramático na premissa: um homem deseja, mas não é desejado. Nunca conquista o que cobiça. Revolta-se contra os burocráticos bom-dia, boa-noite, lançados sem intenção por quem pouco se importa em saber se seu dia ou noite reservam algum contentamento.

Solitário em um banco de praça, distraído pelas manchetes de jornal e pelos corpos femininos que avista de passagem, está o protagonista do monólogo Desejo na Rua das Flores, que encerrou mais uma temporada domingo, no Teatro Lala Schneider.

Marino Jr. protagoniza o texto escrito por João Luiz Fiani com incentivos recebidos do Edital Oraci Gemba de fomento à literatura dramática. Intérprete seguro, garante o riso de uma plateia previamente disposta a distensionar as aflições cotidianas e contrair as bochechas. O estado de espírito favorável compensa as incoerências do personagem, que vai se desprendendo do argumento inicial à medida que piadas pousam em seu colo, e termina diminuído ao rótulo do tarado.

Não é preciso muita imaginação para adivinhar a matéria-prima do humor. O personagem dirá, por exemplo, que “a passagem humana pela existência do mundo será marcada pela bunda” e, portanto, “seria possível dividir as pessoas pelos tipos de bunda”. Infelizmente, não avança na caracterização que sustentaria tão promissora teoria.

Na listagem de lugares-comuns, acrescenta a Cha­peu­­zinho Vermelho “comida” (com aquela velha duplicidade de sentido) pelo lobo, para dizer que o coitado do protagonista não teria êxito nem com a vovozinha. Seguindo a mesma lógica de pegar carona em referências de conhecimento geral, mastiga um Godot esvaziado pela falta de amarras com o contexto do qual foi tirado.

A direção, também assinada por Fiani, é insistente. Uma gag será repetida quantas vezes se faça necessário para esgotar as chances de riso. “Isso e aquilo”, “aquilo e isso”, “isso”, “aquilo”, “aquilo”, “isso...” Qualquer coisa dita à exaustão – e ilustrada por gestos que a redundem – há de acabar tendo graça, defendem os adeptos do riso automático.

O humor funciona melhor quando aparenta espontaneidade. Marino olha nos olhos e estabelece relação íntima com a plateia, que se sente à vontade para intervir com comentários. Em uma (longa) cena cujo epicentro é a comicidade de uma boca que mastiga pão com mortadela enquanto se abre e fecha falante, deixando entrever a pasta umedecida pela saliva, a espectadora não se intimida. Solta uma interjeição de nojo. Ao que Marino, atento, responde com autodeboche: “Acha que está melhor aqui? Não fui eu quem escreveu esse texto”.