quarta-feira, 20 de abril de 2011

RICCI/FORTE - "MACADAMIA NUT BRITTLE"

Imagens fortes tentam dar algum senso.
A companhia dirigida por Stefano Ricci retornou ao palco da Sala Fassbinder do Elfo para "Macadamia nut Brittle". De fato estão realizando uma verdadeira residência ao Elfo-Puccini, onde apresentam seu principais trabalhos que incluí ainda "Pinters Anatomy", espetáculo realizado no foyer do teatro para somente 12 espectadores. Este não vi.

Se no primeiro espetáculo víamos uma dramaturgia que conseguia sustentar uma encenação focada no nú e em cenas fortes, neste espetáculo temos o contrário. A dramaturgia procura apenas segurar de qualquer forma as cenas criadas pela direção. Ou seja: o texto busca explicação para aquilo que se vê no palco.  

Você percebe quando um espetáculo tem uma direção simples quando ela aparece unicamente através de colagens entre os "bifes". Quando o texto é interessante coloca-se o ator em um microfone falando belas palavras. Pra ligar uma cena com a outra inventam-se bizarrias como surubas e estupros sem que isso tenha muita relação com a história que está sendo contada. Como exemplo cito a cena final e exuberante onde, depois de serem litarelmente "pintados" de sangue, os atores semi-nus e com máscaras da família "Simpsons" entram em cabaninhas infantis. Alí finalmente aparece o primeiro e único efeito de luz do espetáculo para compor o final. Bem se a proposta é a luz branca, a realidade... Que se use até o fim...

Falando em realidade... Talvez para os garotos Ricci/Forte pode não ter sido este o objetivo. Mas se o resultado final aponta pra este "insieme" de coisa nenhuma e que não diz nada, não dá pra apelar pra Lady Gaga nos aplausos finais forçando levantar a torcida LGB, como no caso de "Troia's Discount"
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A imagem é mais forte na foto que na peça
O crítico teatral Celso Curi, disse recentemente no Brasil: "Seja stand-up, drama ou comédia o que me preocupa é a dramaturgia".

Assim, por mais que imagens fotográficas belíssimas como estas encham a nossa mente de desejo por aquilo que se propõe, temos que enxergar a realidade que se apresenta com esta luz fria que a direção insiste em utilizar. O seja: o que se vê em palco é apenas um ator nú, vestido com uma fantasia de coelho, comprada na casa das festas da esquina.

Em "Macadamia nut Brittle", como se costuma dizer no Brasil, "passaram os pés pelas mãos". Por isso desisti de assistir "Pinter's" afinal quem já viu um viu todos!

P.S. Talvez tenha sido um pouco cruel. Mas não é cruel também o teatro de RICCI/FORTE?

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