domingo, 27 de fevereiro de 2011

TURISMO CULTURAL E A GOVERNANCE

os acontecimentos a seguir aconteceram entre 31 de janeiro e 4 de fevereiro de 2011.

Bem, na segunda 31 conhecemos Magda Antonioli que falou um pouco sobre o turismo cultural e eventos. Me chamou a atenção no inicio a comparação de turismo com exportação. Ou seja o turismo é uma forma de exportação onde você "importa" aquele que será o consumidor de seus bens e serviços. Ou seja o setor turismo é um setor com um alto grau de transversatilidade, onde o resultado é refletido diretamente em outras áreas. Estudamos casos como as companhias "Low Cost", responsáveis pelo criação do "Yield  Managment" e do "Brand Index" com faixas diversas de clientes a preços diversos.

Mas não só isso, na europa as "low-cost" são responsáveis por criar a demanda por seus próprios serviços. Ligando Londres à uma pequena cidade Italiana por exemplo a Ryan Air gera investimentos e gasto nas duas cidades. Mas o que valeu mesmo foi a apresentação sobre Getz que define evento como: "uma mistura única em dado tempo entre ambiente e pessoas". Assim, todo e qualquer evento deve ser único, dinâmico e autêntico.

Na classificação de eventos entendemos que todo e qualquer evento seja ele esportivo, negocial, expositivo, passa pelo caráter cultural e artístico. Não é à toa que nos últimos anos isto tem se demonstrado um tendencia comportamental do turista europeu.  Por fim Magda me confessou ser uma apaixonada pelo Brasil ao me dizer que só tira férias em nosso país. Tanto é verdade que me disse conhecer e gostar muito de Curitiba, algo raro de se escutar por  aqui.

Na terça novamente com a "expertise" Claudia Tacchino, sem dúvida nenhuma uma apaixonada pelo setor da cultura, vimos um pouco do chamado financiamento indireto à cultura. Ou seja o dinheiro público destinado através de terceiros. Falamos de renúncia fiscal. Seja aquela aplicada às entidades não lucrativas que aquela de isenção de taxas sobre
valores doados/patricinados/destinados à cultura.

Aprendemos que os melhores modelos vêm dos Estados Unidos e da Alemanha, onde aquilo que doado é 100% abatido dos impostos, como a Lei Rouanet no Brasil. Na Itália existe uma lei que beneficia pouco quem patrocina. Ou seja, sobre aquilo que você incentiva à cultura você não paga imposto.

Assim é previsto uma verba anual, hoje, de 139 milhões de euros para incentivo à cultura, o que significa que o valor investido pode ser até 4 vezes maior, se houverem mecenas
dispostos a arcar com os outros 70% do valor que patrocinaram. Significa dizer que o dinheiro investido em cultura entra como despesa operacional. Assim, apesar de ser uma verba considerável em 2007 foram utilizados apenas 32 milhões sendo que 66% foi destinada ao mundo do espetáculo sobretudo na região norte italiana. No entanto, para quem recebe é interessante basta ser uma pessoa jurídica não lucrativa e comprovar atividade na área. Ou seja financia-se processo e não projeto. No mesmo dia recapitulamos a matriz de financiamento:  oferta/demanda; publico/privado; direto/indireto e vimos o caso do Teatro Lita de Milano, um belo exemplo de um teatro que através do apoio do MIBAC (Minitério de Cultura e dos Bens Culturais) reestruturou um teatro e hoje administra o mesmo com 50% de recursos próprios 37% divididos entre municipio, estado e ministério e editais das fundações.

Anna Merlo volta a nos encontrar na quarta-feira pra falar sobre "governance" nos institutos culturais e nos explica um pouco um pouco sobre o sistema criado pela prefeitura de Milão para avaliar os 14 teatros estáveis publico/privado beneficiários de uma verba de 1,5 milhão de euros/ano repassados diretamente. Ela e a Bocconi foram co-autores de um projeto de avaliação dos teatros. Sobre um total de 100 pontos eram avaliados: 20 pela qualidade artística (o repertório), 20 sobre a qualidade percebida (o publico), 10 sobre o impacto na cidade (zona de risco) e 50 sobre o aspecto gerencial (possibilidade de agregar parcerias e patrocínios). Esta tabela ela gentilmente nos disponibilizou.

Houveram obviamente questionamentos mil no período de implantação desta avaliação e hoje superados por uma constante busca em nível de gerenciamento e patrocínio destes espaços.

Depois analisamos um pouco a história do Scala, que até 1888 era um teatro de artistas. Em 1921 é adquirido pelo município de Milão. Em 1943 bombardeado, em 1946 reaberto e em 1997 transformado em Fundação Público-Privada. Em 2003 fecha pra uma grande reforma tendo sua programação tranferida para o Teatro Arcimboldi, construído pela Pirelli para este fim até 2005. Quando da reabertura do Scala, este teatro de 2000 lugares foi deixado de lado e mais tarde assumido da prefeitura de Milão, que hoje aluga o mesmo pra shows, espetáculos, concertos, gravações televisivas, enfim uma entidade distribuIdora de eventos. Em 2009 culmina uma grande crise de "governance" no Scala. 

Definimos: GOVERNANCE como: "organismos e mecanismos que servem para dar espaço a todos os portadores de interesse que possuem direitos e deveres em uma empresa publico-privada". Ou seja esta crise entre interesses arísticos, produtivos e governamentais resultou em uma troca do comando no Scala. Aqui abro um parêntese pra dizer que nunca vi um superintendente assistir e opiniar sobre uma ópera no ensaio geral. E isso acontece aqui. O "boss" vai lá, assiste e opina é claro que não sobre questões
artísticas, mas supervisiona o todo.

Por fim, vimos um case interessante da provincia de Trento, que baseada na sua autonomia governamental institituiu leis regionais e unificou o plano de cultura criando ainda o conceito de 1 - programação (público) 2 - coordenação (privado) e 3 - avaliação (público). Este conceito busca na italia diminiuir cada vez mais a participação do setor público na cultura, resultando alguma coisa entre 1/3 publico, 1/3 privado e 1/3 recursos próprios.

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